O ano de 2009 começou diante da incerteza dos rumos da indústria automotiva mundial. No processo de reestruturação desencadeado pela crise financeira dos Estados Unidos, os grandes fabricantes de veículos – que possuem uma fatia de venda de pelo menos seis a sete milhões de unidades por ano – estão se tornando menores, e os pequenos têm planos ousados para comprar marcas como a Volvo, Jeep, Hummer, Opel/Vauxhall, Saturn, Saab, entre outras.
Antes mesmo da crise, a Ford antecipou-se e vendeu, por US$ 2,3 bilhões, as suas marcas Land Rover e Jaguar para a indiana Tata Motors, que surpreendeu o mundo com o lançamento do Nano. Também se desfez da Aston Matin e, agora, colocou a Volvo na prateleira. Entre os pretendentes, estão Chery e Geely, que contam com o apoio do governo chinês e o peso do maior mercado consumidor do mundo.
Na liquidação automotiva, a situação das grandes montadoras dos Estados Unidos (General Motors, Chrysler e, em menor proporção, a Ford) é a mais preocupante. De gigantes de Detroit, elas precisam urgentemente encolher e, de quebra, cortar gastos e passar a gerar lucros.
A GM já havia fechado a Oldsmobile e agora encerrou as atividades da Pontiac, além de estar colocando à venda várias outras marcas. O mesmo caminho é seguido pela Chrysler. A Saab, Hummer, Opel/Vauxhall e Saturn, todas da General Motors, podem ser adquiridas por outros grupos (veja quadro ao lado). A Chrysler, por sua vez, deve se desfazer da Jeep. E o fortalecimento das indústrias indiana e chinesa está atrelado à possibilidade de adquirir marcas, como vem fazendo a Tata Motors, e conseguir vender seus carros no mercado dos Estados Unidos e dos países europeus.
O consultor Paulo Ricardo Braga, do Automotive Business, adianta que o novo cenário da indústria automotiva contará com atores conhecidos, como os grupos Volkswagen, Fiat e Toyota, e outros emergentes, entre os quais a Hyundai e os fabricantes chineses. “Ainda não é agora a vez da indústria chinesa. Mas a alemã Volkswagen deve buscar a liderança mundial entre os fabricantes de veículos no mundo, desbancando a atual líder Toyota”, acredita Braga.
Segundo Braga, a Fiat quer crescer no mercado automotivo e, para tanto, precisa se associar à Chrysler ou adquirir alguma marca da General Motors para entrar nos Estados Unidos, por exemplo. “A intenção de Sergio Marchionne, presidente da Fiat, é associar as operações automotivas do Grupo Fiat a uma nova companhia, com a participação da Chrysler, Opel, Vauxhall, Saab e, eventualmente, as operações da GM América Latina”, explica.
De acordo com o consultor, marcas como a General Motors e a Chrysler terão que se readaptar ao novo mapa mundial dos fabricantes de veículos. “Os mercados mais ricos estão em crise. As vendas de veículos nos Estados Unidos, Japão e nos países europeus continuam em queda”, reforça.
Esta matéria foi publicada no caderno Motor, do Jornal A Tarde