A indústria automotiva brasileira sempre ganhou benefícios do governo. Na crise de 2009, alguns modelos de carros foram vendidos sem o IPI embutido no valor final. Com isso, não houve retração de vendas e o que ocorreu foi um recorde de produção e comercialização de carros zero km no País.
Mas, há também o outro lado da moeda. Na quinta-feira, 15/09, o governo brasileiro anunciou uma medida de majoração do IPI para carros importados. Na prática, segundo os dados do governo, a conta é a seguinte: carros com motor 1.0 passam de 7% para 37%. Os veículos com motores entre 1.0 e 2.0 passam de 11% e 13% para 41% a 43%, respectivamente.
Por enquanto, só houve corre-corre de consumidores que planejavam comprar um carro importado. O preço, ainda, é o mesmo. Mas, já há ganhadores e perdedores no confuso jogo do livre mercado. No caso, as marcas chinesas foram as mais prejudicadas. Ai, quem saiu ganhando foram as fabricantes tradicionais no Brasil. Ninguém duvida que houve um looby fortíssimo para dar um basta ao crescimento avassalador das marcas chinesas, especialmente a JAC Motors – que lançou três modelos com preços competivos e com equipamentos nunca antes vistos na lista de série dos veículos produzidos no Brasil.
A lição ainda está só no começo, e pelo visto muita “água vai rolar no rio” da indústria automotiva brasileira. O aumento do IPI ocorreu justamente em um momento onde há uma divisão entre as novidades das marcas chinesas e a possível perda de mercado dos carros feitos no Brasil.
A medida do governo brasileiro, por sua vez, é para regular o mercado e impor algumas regras em favor da produção nacional. Assim, os veículos devem se encaixar nas novas normas: investimento local em tecnologia; 65% de componentes feitos no Mercosul; e cumprir seis de 11 etapas de produção de veículos no Brasil, entre as quais, estampagem, pintura, fabricação de conjunto motriz (motor e câmbio).
É a lei de quem pode mais. Assim, o maior perdedor está sendo o consumidor. Ao invés do governo se preocupar com o que é ofertado para o consumidor, lança mão de uma medida que tem uma preocupação mais econômica. É certo que a indústria nacional deve realmente ser protegida. Mas, o governo deve exigir também produtos mais acabados e tecnologia mais moderna nos carros nacionais.
Aqui, equipamentos como os desejados freios ABS e airbag em veículos só serão obrigatórios de série em 2014. Os carros chinesas, por exemplo, já oferecem estes dispositivos de segurança como item de série, e os modelos são bem mais baratos ao serem comparados com veículos nacionais. No frigir dos ovos, o brasileiro saiu extremamente prejudicado com a medida contra os carros importados implementada pelo governo Dilma. Um tiro no pé…no pé dos consumidores!